quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O idoso e o cinema

Lançado recentemente o livo O Idoso eo Cinema, organizado pelo prof. Luis Otávio Teles Assumpção (UCB), conta com a colaboração de doze autores que abordam a questão da velhice nos filmes. O interessante deste livro é não se prender a uma unica escola cinematográfica. Há uma mescla com filmes orientais (A Balada de Narayama), franceses (Invasões Bárbaras), brasileiros (Copacabana) e bons filmes norte-americanos (Amor Além da Vida, Cocoon e Conduzindo Miss Dayse). Todos os textos têm como fio condutor a possibilidade da utilização dos filmes como recurso pedagógico na gerontologia e também - por que não? - na educação para a vida. Há no primeiro capítulo uma relação de filmes que abordam a questão da velhice e da morte, primando os autores por relacionar filmes ocidentais e orientais. neste livro podemos iniciar nossos conhecimentos sobre a velhice através das imagens dos idosos e sua morte, dores, amores, desejos, suas escolhas e sonhos.

Revista Filosofia, Ciência & Vida - ANO II - nº 13

Ficha Técnica
O Idoso e o Cinema
Luis Otávio Teles Assumpção (Organizador)
Editora Universa - Universidade Católica de Brasilia, 102 páginas (2007)

Perfume de Mulher



No filme Perfume de Mulher, tanto na versão italiana (Profumo di donna - 1974) quanto na refilmagem norte-americana (Scent of a Woman - 1992), o fio condutor é a tentativa de suicídio de um oficial militar. Diante da mudança de seu papel existencial na sociedade - antes um militar bem-sucedido, agora um inválido colocado na reserva - busca ele por fim à sua vida. Para tanto, executa o que poderíamos denominar como um ritual de passagem, uma despedida: visita lugares prazerosos, realiza passeios divertidos e busca a companhia de mulheres, escolhidas através do olfato apurado. A questão do suicídio sempre intrigou os pensadores. Na Grécia Antiga, a atitude em relação ao suicídio variava da admiração à condenação. Para alguns pensadores, o suicídio é o meio ideal para que os individuos se libertem do sofrimento e de suas dores existenciais. Em 1897, o sociólogo Émile Durkheim tratou do tema em seu livro O Suicídio (Martin Claret, 2003). Seu método baseado nas ciencias positivas, consiste em observar, comparar e explicar uma variável por outra. Deste modo, as taxas de suicídio só podem ser explicadas em função dos meios sociais, dos divórcios, das crises econômicas, etc.





Revista Filosofia, Ciência & Vida ANO II, nº 14




Ficha Técnica
Titulo Original : Profumo di donna
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 103 minutos
Lançamento: (ITA) 1974
Direção: Dino Risi
Elenco: Vitório Gassman (Capitão Fausto Consolo)
Alessandro Momo (Giovanni Bertazzi)




Ficha Técnica
Titulo Original : Scent of a Woman
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 156 minutos
Lançamento: (EUA) 1992
Direção: Martin Brest
Elenco: Al Pacino (Tenente-Coronel Frank Slade) Chris O’Donnell (Charlie Simms)

Uma Lição de Amor


Sam Dawson (Sean Penn) é um homem portador de deficiência mental que cria sua filha Lucy (Dakota Fanning) com uma pequena ajuda de seus amigos. Sam utiliza-se de um modo interessante para compreensão do mundo em que vive, compara situações vivenciadas por ele com músicas ou fatos relacionados aos Beatles e através destas traduções torna esse mundo inteligível. Após um desentendimento ocorrido no aniversário de Lucy, a sociedade - através de seus representantes legais - separa pai e filha, justificando poder oferecer uma melhor educação para o pleno desenvolvimento da criança. A partir desse evento, Sam busca ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), que, a contragosto, aceita ser sua defensora pública. Perceber o outro e seus limites será o aprendizado de Rita.


Dica: Aconteceu em Cuiabá/MT o 1º Encontro Apaeano: “Sexualidade e Violência: da invisibilidade, passando pela transparência à visibilidade total da pessoa com deficiência” informações: http://www.apaecba.org.br/


Revista Filosofia, Ciência & Vida ANO I - nº 12

Ficha Técnica

Título Original: I Am Sam

Gênero: Drama

Tempo de Duração: 133 minutos

Ano de Lançamento (EUA): 2001

Direção: Jessie Nelson

Batismo de Sangue


“Batismo de Sangue”, baseado em livro homônimo de Frei Betto, narra um período da história brasileira que ainda encontra-se em penumbra. No final dos anos 60, frades dominicanos, movidos por ideais cristãos, decidem transformar seu convento em uma trincheira de resistência à ditadura militar e apóiam o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Os frades são descobertos, presos e torturados. Esta é a saga dos freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Angelo Antonio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves). Tito foi torturado para que denunciasse seus colegas, contudo, permaneceu em silêncio. No exílio, antes de suicidar-se, escreveu em sua Bíblia: “Preferível morrer do que perder a vida”. O cinema cumpre mais uma vez seu papel na História e apresenta, dentro de seus limites, os bastidores da ditadura militar e da luta armada. Talvez uma aproximação à realidade alcançada pelo filme deva-se ao fato de Ratton ter participado da luta armada naquele período em que, como fala frei Betto, a juventude ejetava utopia nas veias. Este é um filme que busca ser educativo para quem não vivenciou os anos de chumbo. É, também, o retrato de filhos de uma pátria que, por amor e esperança e sem temer a própria morte, não fugiram à luta. (M.J.A.S)


Dica: Visitando São Paulo conheci o vídeo clube Raro Efeito http://www.raroefeitovideoclube.com.br/. Lá é possível encontrar uma boa quantidade de filmes raros.

Revista Filosofia, Ciência & Vida, ano I, nº 11 - 2007

FICHA TÉCNICA

Batismo de Sangue Direção: Helvécio Ratton

Roteiro: Helvécio Ratton e Dani Patarra

Gênero: Drama

Origem: Brasil

Duração: 110 minutos

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O vagabundo e o ditador


"O Grande Ditador" foi para Chaplin a despedida do personagem Carlitos num filme de explícita crítica a Adolf Hitler e seu ideal ariano de purificação da raça. Enquanto os Estados Unidos faziam vista grossa aos desmandos do governo alemão e viam com simpatia as medidas adotadas por Hitler, Chaplin, de forma solitária, o denunciava. A idéia surgiu em 1937, a partir de uma troca de identidade, ao ver Hitler ostentar o mesmo bigodinho de Carlitos. Mais tarde, Chaplin, sempre avesso à sonorização do cinema, adotou neste filme o casamento perfeito entre a pantomima e o cinema falado. "Como Hitler, poderia discursar às multidões numa linguagem muito confusa; como Carlitos, permaneceria mais ou menos calado". Interessante é perceber como, de forma irônica, Chaplin aborda a questão da estética a serviço de um regime totalitário. Por exemplo, grandes obras como O Pensador de Rodin e A Vênus de Milo, todas com a indefectível saudação nazista, e o mundo se moldando às característica de seu "dono".


Dica Minha Vida, Charles Chaplin, (Jose Olympio: 2005)


Revista Filosofia, Ciência & Vida, Ano I, nº 10

FICHA TÉCNICA
O Grande Ditador (The Great Dictator)
Gênero Comédia/Drama/Guerra
Direção e Roteiro Charles Chaplin
Ano de produção 1940 (EUA)
Duração 128 min

Se eu fosse você


A proposta é mudar a máxima "A minha liberdade termina quando começa a dos outros" para "A minha liberdade é garantida pela liberdade dos outros". A isso chamamos de alteridade, que, como nos lembra o filósofo lituano Emmanuel Lévina, é a necesidade de apreendermos o outro em sua plenitude, saber ir ao mundo do outro, saber conhecê-lo em relação às minhas verdades sem, contudo, impô-las. E, por meio dessa compreensão, reduzir a possibilidade de conflitos. Pois, "existo" a partir do outro e de sua visão. Em Se eu fosse você, Cláudio (Tony Ramos), publicitário, tem um casamento de longo tempo com Helena (Glória Pires), professora de música; já estão acostumados ao cotidiano, onde cada um guarda para si seus problemas e conflitos, até que em certo momento cada um ocupa o corpo do outro e, em conseqüência, seu mundo.


Dica: Lévinas - uma introdução de M. Costa (Vozes: 2000) e http://www.cebelonline.org/ (Centro Brasileiro de Estudos sobre o pensamento de Emmanuel Lévinas).


Revista Filosofia, Ciência & Vida, Ano I, nº 9

FICHA TÉCNICA
Se eu fosse você
Gênero Comédia Româtica
Direção Daniel Filho
Ano de Produção 2006 (Brasil)
Duração 108 min

Viver na melhor idade


Alguma pessoas falam que sentir-se velho é um "estado de espírito", outros "que se trata apenas de um fator biológico". Bobbio nos diz que o idoso vive ‘de’ e ‘em função’ das lembranças e que o tempo da memória corre em contraposição ao tempo real, ou seja, a vivência torna-se mais presente nas lembranças. A filósofa francesa Simone de Beauvoir traça um quadro realista e trágico em relação aos idosos e a nossa sociedade: "é um segredo vergonhoso e um assunto proibido". A velhice reflete-se também na existência social, bem como na questão da sexualidade do indivíduo. O filme Elsa e Fred leva-nos a rformular alguns pré-juízos referentes a uma suposta velhice assexuada. Elsa (China Zorrilla)é uma senhora que adentra a vida de Alfredo (Manuel Alexandre) mostrando-lhe que, também nesse momento, a vida é preciosa e pode ser desfrutada com prazer, Fred se permite levar por essa juventude e linda loucura. A partir desse momento tudo se transforma e ele aprende a viver.

Dica: A Velhice, de Simone de Beauvoir (Ed. Nova Fronteira: 2003) e Tempo e Memória, de Noberto Bobbio (Ed. Campus, 1997).


Revista Filosofia, Ciência & Vida, Ano I, nº 8

FICHA TÉCNICA
Elsa e Fred
Gênero Drama
Direção Marcos Carnevale
Ano de Produção 2005 (Argentina/Espanha)
Duração 108 min